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Dialogar com as crianças sobre o mundo a sua volta

Fevereiro 2019

As crianças preocupam-se com o que ocorre à sua volta? Para saber o que pensam sobre o mundo onde vivem, apenas necessitamos perguntar, convocá-las e escutá-las. A sua interpretação deve contribuir para a reflexão adulta sobre o nosso lar comum. As crianças desafiam-se quando identificam os recursos naturais e paisagísticos presentes nas proximidades de suas escolas. “Há de haver o tempo vivo do vínculo, do contacto, da brincadeira, da curiosidade, da indagação” (Severino, 2018).

Toda a criança tem sempre alguma história a partilhar e traz dentro de si a sua própria visão do mundo. Considerar e incorporar as suas narrativas nos processos de formação fortalece a sua identidade e nexos, gerando compromisso local e especialmente, uma compreensão sensível da globalidade. “O vínculo é o que sustenta tudo; mostra que há sentido na vida. A criança reconhece-se no contacto com o adulto, ela precisa conversar com o adulto sobre as perguntas dela, que são as mesmas do princípio da Ciência, da Filosofia… uma questão fundamental nesse contexto é que a criança possa encontrar o seu lugar como criadora de conhecimento” (Severino, 2018).

Somos todos aprendizes sem idade e crescemos na troca de afetos e olhares. Quando temos a oportunidade de participar em fluxos de energias intergeracionais, respeitosas e atentas, permitimos que, quem dá e recebe, aprenda com confiança e certeza. A experiência das Conversas Gigantes que partilhamos com as crianças da EB1 de Ponte de Lima deixou-nos inúmeras riquezas para partilhar. Depois de organizarem-se em equipas iniciou-se, de imediato, um debate intenso. Observaram o mundo e as circunstâncias atuais. Falaram da inutilidade da guerra, da tristeza e o dano que geram aqueles que têm armas e por isso acham-se mais poderosos... “todos perdem, matam-se uns aos outros. A luta não resolve nada. Distanciámo-nos”. Dialogamos sobre os desafios dos seres vivos colocando o ambiente como uma prioridade urgente onde estão as mentes versus os braços humanos… “ambos poderiam ajudar ou magoar”.

Com todas essas ilusões, desejos, recomendações e motivações as equipas plasmaram sobre o papel, possíveis soluções a alguns de tantos problemas que olham perto de sua escola, em sua comunidade e no mundo, percebendo que “as pessoas falam com pouca concentração, sem pensar, sem acreditar na capacidade do cérebro.” É possível que refiram-se à ações contraditórias dos adultos que, com frequência, são exemplo de banalidade, irresponsabilidade, injustiças e sofrimento da humanidade.

Quando temos autoestima estamos dispostos a ser protagonistas de leituras abertas sobre a simplicidade e a complexidade da vida assim como a dar opiniões e defender argumentos sem temor. As crianças do 4.º ano da Professora Anabela demonstraram a sua força, motivação, curiosidade e vontade de ser partes de um espaço de debate para refletir e propor. Hoje queremos agradecer-lhes pela sua disposição e capacidade de construir conhecimentos tecidos e sentidos com solidariedade e cooperação, pensando em si e nos outros.