Passar para o Conteúdo Principal Top

logo_educa_mais

Educação_4

Artigo da aluna Lara Quintela da EBI/JI da Correlhã sobre a viagem Erasmus a Chipre

19 Maio 2022

Climate Change and Biodiversity
Lara Quintela, maio 2022
Escola EBI/JI da Correlhã

Como te preparaste para esta viagem?

Como me preparei… assim de repente, diria: fiz a mala, fui para o aeroporto e pronto, mas essa parte foi, sinceramente, a mais fácil. Não tenho a certeza se a pergunta é ou não no contexto psicológico, mas para esta viagem preparei mais esse lado, não existiu propriamente uma preparação psicológica para isto, porque, sinceramente, eu só decidi viver as coisas de uma forma mais espontânea, sem pensar muito e acho que aí é que está a chave…nunca estive tanto tempo fora do meu país e a ideia de o fazer, parecia-me um tanto assustadora, mas desde que me comprometi a ir, mantive-me sempre mentalizada de que uma oportunidade como a que tive, não surgiria tão cedo e que desistir nunca seria uma opção. Se me dissessem há algum tempo atrás que seria capaz de fazer algo assim, mais por motivos da minha personalidade, não acreditaria. Disse a mim própria que nada me impediria de viver algo tão extraordinário e, mesmo com um certo receio e com uma mente tão inquieta, consegui, mas não vou dizer que não custou porque, como disse, é uma experiência diferente que, ao início, pode parecer um pouco intimidante. Nunca pensei que sendo tão nova, pudesse fazer algo assim e sei que para alguns dos meus colegas pode ter sido muito fácil, mas a verdade é que, no meu ponto de vista, não era bem assim. Entrei no avião para Malta com as expectativas lá em cima para a semana que aí vinha, via que estava com os meus amigos e foi ali que tive a certeza de que estava pronta para ir para outros países diferentes, sem os meus pais, viver coisas que, somente quem esteve presente, sabe os quão incríveis foram.

O que sentiste e viveste ao longo da semana?

Esta pergunta é um pouco complexa porque, se pudesse, criaria toda uma cronologia da semana, desde que me vieram as lágrimas aos olhos ao dizer adeus aos meus pais, até ao momento em que o mesmo aconteceu, mas desta vez, ao dizer olá. Durante esta semana, pude sentir tudo intensamente e até ao último segundo. Primeiro, ao passarmos dois dias em Malta, criei uma grande empatia com cada um dos cinco colegas que viveram este sonho comigo, tivemos a oportunidade de nos conhecermos muito melhor e de criar memórias inesquecíveis entre os seis, memórias que, até ao escrever isto, me emocionam. Fomos uma família durante aquela semana. A partir daí, já pude concluir que as minhas supostas “altas expectativas” não eram nada em comparação com o que realmente vivemos. Ao chegarmos ao Chipre, cada um foi para a sua casa, começamos a fazer mais amigos e a entrar realmente no espírito do que era o Erasmus. Tenho a dizer uma coisa, não foi plantar árvores, jogar voleibol ou fazer bolinhos que tornaram uma semana tão inesquecível, mas sim as pessoas com quem fizemos estas atividades porque, honestamente, as atividades só servem para nós passarmos o tempo, tanto que, à medida que os dias iam passando, fui percebendo que os momentos mais especiais eram aqueles em que a menina batia à porta do nosso quarto e dizia: “Vistam-se, vamos a um sítio!”. Depois das aulas, passeávamos todos juntos durante horas e era tão gratificante, ao ponto de parecer uma coisa habitual, mesmo nunca tendo visto aquelas pessoas antes, era como se toda a gente se conhecesse desde sempre. Acredito que tenhamos criado laços tão fortes que nem a milhares de quilómetros de distância se quebram. Até ao último dia, fomos todos irmãos. E por falar em último dia, aquele jantar é sempre o que mais custa nem sequer dá para explicar o que sentimos naquele momento porque é tanta coisa, afeiçoamo-nos tanto a pessoas que conhecemos apenas há uma semana e é lá que percebemos que não estamos felizes por não ter aulas durante uma semana, mas sim porque estamos rodeados de pessoas incríveis, com culturas completamente diferentes, mas que no fundo, são exatamente iguais a nós. O mais extraordinário é que me lembro de cada detalhe. Voltamos a Portugal com um sentimento de realização surreal e com a consciência de que uma experiência destas é, sem dúvida, imperdível.

O que representam as novas amizades desenvolvidas neste projeto?

Lá está, o que realmente fez a diferença, as amizades que nasceram, sobre as quais não consigo falar sem me emocionar um pouquinho…volto a dizer que a velocidade com que nos tornamos todos um grupo foi mesmo incrível. Estas amizades significam tudo, nelas podemos ver os risos, os choros, as felicidades e as tristezas que todos os alunos viveram durante o projeto, aliás, foram elas que fizeram com que todos nós crescêssemos tanto durante esta semana, foram elas que nos fizeram chorar até entrar no carro para voltar para casa.

Descreva o que sentiu das vivências do seu filho e o que representam na vida dele.

Joana Sousa (Mãe da Lara)

A partir do momento em que soubemos que havia a possibilidade de participarem nesta aventura, tudo foi vivido com muita expectativa e alguma ansiedade. O frenesim começou na semana anterior com os preparativos para a viagem. Aquele momento de “até já” no aeroporto, deixa-nos de coração apertado, mas, ao mesmo tempo, muito orgulhosos da coragem dos nossos filhos, da ousadia e vontade de crescer e conhecer mais do mundo e dos outros. Sempre incentivamos a participação do Diogo e da Lara pela oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal e social, que entendemos que esta experiência representa. Consideramos que o contacto com outras culturas e realidades, a participação ativa e a partilha de experiências potencia a tomada de consciência de que TODOS somos parte de um mesmo mundo. Um mundo/casa, onde todos temos o nosso lugar, mas também o dever de respeitar, cuidar e proteger. É uma experiência que promove a empatia e o respeito pela diversidade cultural e social, mas também a autoconfiança e a autonomia. Durante a semana em que estiveram em Malta e Chipre, sentimos os nossos filhos muito felizes, envolvidos e participativos nas atividades e muito bem acolhidos pela família cipriota. Somos muito gratos à equipa de professores e à escola que tornam possível tão rica experiência.