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Entre sonhos, propostas e direitos

Dezembro 2018

As crianças desfrutam, com entusiasmo, de dialogar e realizar leituras dos seus quotidianos, no seu lar, escolas, cidades e vilas. Este ensaio, dos seus sentires e olhares, estimula-lhes a curiosidade por aprender e o desejo de comunicar ideias, pensamentos e reflexões a partir das suas experiências. O conhecimento adquirido e sustentado nas suas práticas, fortalece as suas capacidades para fazerem descobertas e escolhas sobre referências importantes com as quais valorizar o passado, viver melhor o presente e propor possibilidades para o futuro.

Estas oportunidades de crescimento limitam-se quando existe uma excessiva proteção das crianças. “Por medo que aconteça algo de mal com as crianças, não lhes permitimos uma vida em plenitude”, afirmava o pediatra e pedagogo polaco Janus Korczak, já em 1919, na sua “Magna Charta Libertatis para as crianças”. Com uma visão muito vigente, ele adiantava-se às discussões e debates, de hoje, sobre os direitos das crianças. Para alguns o essencial é proteger, para outros é insistir no direito que elas têm a uma vida autodeterminada e uma cidadania ativa (Liebel, 2007). Com a Convenção dos Direitos das Crianças, aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, faz-se o difícil intento de dar resposta a tais preocupações tomando em conta três conceitos: Proteção, Provisão e Participação. Mas, tudo é bom na dose certa. Uma proteção exagerada pode afetar as capacidades cognitivas, a imaginação e as possibilidades de socialização, ocasionando baixos níveis de autoestima e segurança. Paradoxalmente, quando deixamos que as crianças convivam, de forma desmedida ou sem alguma orientação, nas “redes sociais”, com a publicidade, a programação televisiva e os novos “smartphones” de alta conectividade, estão permanentemente expostas a uma série de perigos, que demandam delas muito pensamento crítico e capacidade de discernimento para assumir posições perante um universo de problemas que afetam tanto as crianças, como jovens e adultos. “Não devemos, por exemplo, viver agarrados aos telemóveis, temos que comunicar e brincar juntos” (crianças da EB1 em troca de ideias).

Quando convocamos a turma do 4.º ano da Professora Anabela, na Escola EB1 de Ponte de Lima, o plano foi fazer umas “Conversas Gigantes” sobre a situação do mundo. Elas, com interesse e reflexão, demonstraram também a sua preocupação. “Fazem a guerra porque eles são os que têm as armas… com luta, morte, ninguém ganha, todos perdem, matam-se uns aos outros… Melhor é não nos magoarmos, a luta não resolve nada”. Juntaram: “Devemos estar concentrados, acreditar nos nossos pensamentos. Um ato inteligente é conversar. As crianças podem ajudar”. Assim também concordou Kids Aktiv, um menino alemão que disse certa vez… “As crianças, somos como os insetos pequenos, fortes e tenazes” (citado por Liebel, 2007).